Bebê que precisa de cirurgia no coração está internado em hospital há 295 dias
Justiça já determinou que o Governo do Tocantins realize a cirurgia do pequeno Natan Batista, mas procedimento ainda não tem data pra acontecer. Outro bebê de apenas 29 dias de vida também aguarda na fila pela cirurgia.

O pequeno Natan Batista tem dez meses de vida e está internado há 300 dias na UTI do Hospital Geral de Palmas por conta de problemas no coração. Ele já passou por uma cirurgia, mas ainda precisa de outra, fora do estado. A Justiça determinou que o Estado é obrigado a fazer o procedimento ou transferir o bebê, mas mesmo assim a decisão não foi cumprida até agora e não há prazo para a realização do procedimento.
"A gente como mãe de [crianças que estão em] UTI, a gente sabe o que é ver uma criança dando parada, convulsionando. E a gente não pode fazer nada. A gente está com ele, mas a gente não pode fazer praticamente nada. É só pedir a Deus que cada dia mais ele fique bem, mas o que o estado... ele brinca com a gente", diz a mãe, Jaine Batista.
Natan não é o único nesse situação. O recém-nascido Kauan Sousa, que veio ao mundo há 29 dias, está em estado grave no hospital dona Regina. Ele também tem problemas no coração.
"Eu tô aguardando, eu já entrei pela Justiça, queria que fosse mais rápido e eu não obtive o resultado ainda. Eles tiveram 24 horas para estar tendo a minha resposta, da cirurgia dele e ele não foi transferido dentro das 24 horas. É uma luta contra o tempo. Eu luto contra o tempo pela vida dele". afirma a mãe, Laise Sousa.
O Ministério Público entrou com ação pra conseguir a cirurgia. A liminar foi positiva para a família e segundo o promotor Thiago Ribeiro ficou determinado ainda que se apurem os motivos da omissão estatal. "As crianças estão morrendo por falta da cirurgia no estado. O que é um absurdo", conta ele.
Os médicos afirmam que existem vários tipos diferentes de problemas de coração em bebês e o prazo para fazer procedimentos em cada um deles varia de caso para caso. Mas em muitas situações a demora na cirurgia pode provocar sequelas nas crianças.
"O coração pode ficar muito inchado, pode depois ter arritmias graves, de difícil tratamento. E depois o tratamento que for feito passado da hora pode não mais surtir o efeito necessário e essa criança ficar sempre com o defeito grave", diz Rogério José Ferreira, que é cardiologista.
Tudo o que Jaine quer é poder ir para casa com o filho. "Não é fácil ver o seu filho tomando remédio na seringa, pegando acesso. E os médicos vêm: Jaine, o Natan deu convulsão, o Natan parou. Ele precisa da cirurgia pra isso".

O que diz o estado
Sobre os dois casos mostrados na reportagem, a Secretaria de Estado da Saúde disse que os bebês estão internado nas unidades públicas recebendo cuidados da equipe médica e que farão a cirurgia 'o mais breve possível', mas não divulgou datas.
Disse ainda que os procedimentos provavelmente serão no Hospital Municipal de Araguaína, que tem expertise na área, mas que mesmo assim o sistema de gerenciamento tenta vagas em outras unidades para acelerar os processos.
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